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O artesanato tradicional no mundo moderno

O artesanato é uma forma de expressão que atravessa séculos, refletindo culturas, tradições e
identidades únicas. No entanto, em meio à crescente industrialização e globalização, muitas
técnicas artesanais tradicionais corriam o risco de desaparecer. Felizmente, estamos
testemunhando uma revalorização dessas práticas, onde o antigo se encontra com o novo,
criando uma fusão entre tradição e inovação. Este texto explora como técnicas artesanais podem
ser revisitadas e exploradas sob novos prismas, gerando produtos únicos e contemporâneos que
preservam o valor cultural enquanto se adaptam às demandas modernas.

 

imagens: IA e divulgação

 

A redescoberta do crochê


O crochê, uma técnica que remonta a séculos, é conhecido por sua versatilidade e beleza.
Tradicionalmente feito com fios de algodão, lã ou linho, o crochê está sendo revisitado de
maneiras surpreendentes. Um exemplo notável é a utilização de tiras de jeans reciclados no lugar
dos fios tradicionais. Essa abordagem não apenas reinventa a técnica, mas também incorpora
elementos de sustentabilidade e reutilização de materiais, temas centrais no design
contemporâneo.
Essa nova forma de crochê pode ser vista em acessórios, roupas e até mesmo em obras de arte
têxtil, onde as texturas e cores dos jeans conferem uma nova vida ao antigo. Este processo
transforma peças descartadas em algo totalmente novo, preservando a habilidade artesanal e
promovendo a consciência ambiental.

 

 

Arte em troncos


A pintura sempre foi uma forma expressiva de arte, mas quando aplicada em superfícies
inesperadas, como troncos de árvores caídos, ela ganha uma nova dimensão. Artistas
contemporâneos estão explorando a beleza natural dos materiais que a natureza nos oferece,
utilizando-os como telas para suas criações.
Essa técnica não só celebra a natureza, mas também enfatiza a importância da sustentabilidade.
Ao utilizar troncos caídos em vez de cortar árvores para fins artísticos, esses artesãos
demonstram um profundo respeito pelo meio ambiente. Além disso, a combinação de elementos
naturais e artísticos cria peças que ressoam tanto com a tradição quanto com a inovação,
proporcionando uma nova perspectiva sobre o uso de materiais naturais na arte.

 

 

O bordado que vira moda
O bordado é outra técnica tradicional que tem sido passada de geração em geração. Bordados
como o Richelieu, conhecidos por seus delicados padrões recortados, têm sido tradicionalmente
usados em toalhas de mesa e roupas de cama. Hoje, esses bordados estão sendo
reinterpretados em peças de moda, como jaquetas e saias, que trazem uma nova funcionalidade
a esses trabalhos detalhados.
Esse processo de transformação envolve não apenas a aplicação do bordado em tecidos
modernos, mas também a introdução de novas cores e técnicas de tingimento que dão às peças
uma aparência contemporânea. Assim, o que antes era reservado para ocasiões formais ou
decoração do lar, agora se torna uma peça de moda que pode ser usada no dia a dia, mantendo
a sofisticação e o trabalho artesanal inerentes.

 

 

A revolução dos materiais sustentáveis


A inovação no uso de materiais também tem sido um fator chave na revalorização do artesanato.
Um exemplo recente é o lançamento da bolsa “Arraia” pela marca Mondepars, criada por Sasha
Meneghel. A bolsa é feita de couro vegetal produzido a partir do Notus Cactos, um tipo de cacto
que cresce com mínima necessidade de água e é abundante no México.
Essa escolha de material demonstra um compromisso com a sustentabilidade e a inovação, dois
conceitos que estão cada vez mais entrelaçados no mundo do design e do artesanato. O uso de
materiais ecológicos como o couro de cactos oferece uma alternativa viável e ética ao couro
tradicional, contribuindo para a proteção dos recursos naturais e a redução do impacto ambiental.
Além disso, a Mondepars destaca a importância de integrar tecnologia e consciência ambiental no
processo criativo, sem abrir mão da estética e funcionalidade.

 

 

O futuro do artesanato
A revalorização do artesanato tradicional no mundo moderno não é apenas uma tendência, mas
uma necessidade. Em um tempo onde a produção em massa muitas vezes sacrifica a qualidade
e a singularidade, o retorno às raízes artesanais oferece uma alternativa rica em cultura, história e
criatividade. Artesãos contemporâneos estão mostrando que é possível manter viva a essência
das técnicas tradicionais enquanto exploram novas formas de expressão e adaptação aos tempos
atuais.
Esse movimento também é um testemunho da importância da sustentabilidade no artesanato. Ao
reutilizar materiais, incorporar técnicas ecológicas e respeitar o meio ambiente, os artesãos de
hoje estão redefinindo o que significa ser um criador no século XXI. Eles estão mostrando que o
artesanato não é apenas sobre preservar o passado, mas também sobre criar um futuro que
honra e respeita nossas tradições e o planeta.

 

 

A  arte de reimaginar
A revalorização do artesanato tradicional no mundo moderno é um processo contínuo de
reimaginarão. Ao explorar novos materiais, técnicas e abordagens, os artesãos estão não apenas
preservando o que há de mais precioso em nossas culturas, mas também inovando e adaptando
essas tradições para que possam continuar a prosperar. A combinação de técnicas tradicionais
com novas ideias e materiais sustentáveis demonstra que o artesanato tem um papel vital a
desempenhar em um mundo que busca equilíbrio entre o progresso e a preservação.
A partir de exemplos como o crochê com tiras de jeans, a pintura em troncos de árvores caídos, o
bordado que se transforma em moda e a revolução dos tecidos ecológicos, fica claro que o
artesanato está mais vivo do que nunca. Ele continua a ser uma fonte de inspiração e inovação,
mostrando que a tradição e a modernidade podem coexistir e se fortalecer mutuamente.
Este movimento de revalorização não é apenas uma celebração do passado, mas uma afirmação
de que as técnicas tradicionais têm um lugar legítimo e vibrante no presente e no futuro do design
e da moda. Ao reconhecer e abraçar essa herança, estamos garantindo que o artesanato
continue a enriquecer nossas vidas, agora e nas gerações vindouras.

Para ler mais textos do Canal Craft You 77, clique aqui.

O streaming está na moda!

No ateliê das tendências, a moda invade pela tela! Acompanhe como a série Emily em Paris inspira criações artesanais.

edição: Canal Craft
imagens: divulgação

 

A quarta temporada de “Emily em Paris”, disponível na Netflix, além de cativar pela narrativa envolvente de sua protagonista americana em terras francesas, também serve como uma cátedra de moda e estilo, influenciando não apenas os aficionados por tendências, incluindo os artesãos e criadores que buscam inspiração para
suas obras.Emily Cooper, interpretada por Lily Collins, aparece nesta nova fase com uma maturidade estilística marcante, optando por cores mais sóbrias como o azul-bic e o amarelo, sem deixar de lado a essência vibrante e feminina caracterizada por laços, bordados e volumes. Esta transição estilística oferece uma gama de inspirações para artesãos, que podem reinterpretar tais elementos em criações artesanais, variando de bolsas estruturadas a delicados acessórios para cabelo e gravatas.A presença de referências masculinas, como gravatas de laço e coletes, também é notável e se alinha com a tendência de moda genderless (sem gênero). Essas peças fornecem inspiração para itens que equilibram o feminino e o masculino, refletindo uma demanda contemporânea por moda que desafia normas tradicionais de gênero através de técnicas artesanais diversificadas como crochê, costura e bordado.Além de Emily, outros personagens da série oferecem um rico catálogo de estilos. Camille, com seu perfil de fashionista moderna, traz peças ousadas com animal print e couro marrom. Esses elementos são excelentes para exploração em acessórios artesanais como bolsas de mão e cintos robustos. Por outro lado, Sylvie, que encarna o luxo discreto, faz uso de texturas como camurça e veludo, perfeitas para a criação de acessórios sofisticados como pulseiras e
bolsas clutches.

Um dos pontos altos da temporada foi a inclusão de um vestido da estilista mineira Patrícia Bonaldi, da marca PatBO, usado pela personagem Mindy Chen, interpretada por Ashley Park. Este momento não apenas representa uma vitória para a moda brasileira no cenário internacional, mas também serve como uma fonte de inspiração para artesãos brasileiros. O uso de bordados intricados e estampas florais delicadas reflete a habilidade e a criatividade do artesanato nacional, que pode incorporar essas técnicas em peças exclusivas, trazendo a essência vibrante e tropical do Brasil para o
palco mundial.Explorando além dos trajes, a série “Emily em Paris” também destaca a importância dos acessórios, que são essenciais para a finalização de qualquer look. Os chapéus icônicos, as gravatas elegantes e os laços volumosos são todos exemplos de como pequenos detalhes podem transformar completamente uma peça, seja ela um vestido simples ou um terno clássico. Artesãos podem tirar proveito dessa tendência para expandir suas coleções, incluindo uma variedade de acessórios que complementam ou até mesmo se tornam o ponto central de um traje.A habilidade de Emily em misturar e combinar elementos diversos para criar um estilo único é uma habilidade valiosa para qualquer artesão. A série mostra que não é necessário aderir estritamente às tendências da passarela; ao invés disso, ela encoraja a experimentação com texturas, cores e padrões de uma maneira que respeita a individualidade do criador e do usuário final.

Por fim, a série não apenas dita tendências, mas também demonstra a influência que a moda pode ter sobre a cultura popular. Os artesãos que buscam alcançar um público mais amplo podem considerar a integração de elementos visuais populares em suas criações, garantindo que suas obras não apenas permaneçam relevantes, mas também ressoem emocionalmente com seu público. “Emily em Paris” exemplifica como a moda é um meio de expressão artística e pessoal, que transcende as barreiras do idioma e da cultura, conectando pessoas através do gosto estético e da criatividade.

O streaming de moda, como demonstrado pela série, oferece uma janela para o mundo da alta moda e do design, tornando-a acessível para os criadores em qualquer parte do mundo. Por meio dessas exibições, os artesãos são convidados a reinterpretar e reinventar, trazendo uma nova vida ao artesanato tradicional com um toque moderno e inovador.

Assim, a série “Emily em Paris” serve não apenas como entretenimento, mas como uma verdadeira inspiração para o mundo do artesanato. Ao explorar as múltiplas camadas de estilo apresentadas, os artesãos podem expandir seus horizontes criativos e produzir peças que são ao mesmo tempo atuais, inovadoras e profundamente enraizadas nas tradições artesanais.

 

Novas inspirações no streaming para os amantes da moda

Este ano, a indústria do entretenimento tem nos oferecido trajetórias fascinantes de grandes ícones do mundo da moda, explorando suas vidas, estilos e impactos no cenário fashion global. Aqui, listamos cinco séries de moda lançadas este ano para você maratonar e encontrar inspiração para suas próprias criações:

• Ascensão e Queda – John Galliano
Resumo: acompanhe a vida turbulenta de John Galliano, desde seus dias como estudante até os escândalos que quase encerraram sua carreira, com participações de Naomi Campbell, Kate Moss e Anna Wintour.
Plataforma: Disponível no Prime Video.

• Cristóbal Balenciaga
Resumo: esta série de seis episódios mergulha na vida de Cristóbal Balenciaga, explorando sua busca pela perfeição e a construção de sua identidade na moda.
Plataforma: Disponível no Disney+.

• The New Look
Resumo: baseada em eventos reais, a série narra a interação de Christian Dior com Coco Chanel, Pierre Balmain e Cristóbal Balenciaga durante a Segunda Guerra Mundial, destacando o nascimento da moda moderna.
Plataforma: Disponível na Apple TV+.

• Feud: Capote vs. The Swans
Resumo: A segunda temporada desta série antológica foca no conflito entre Truman Capote e o grupo de socialites conhecidas como “The Swans”, destacando a ex-editora da Vogue, Babe Paley.
Plataforma: Disponível no Disney+.

• Becoming Karl Lagerfeld
Resumo: Explore a evolução de Karl Lagerfeld, suas paixões, desafios e relações pessoais, incluindo a tumultuada amizade com Yves Saint Laurent.
Plataforma: Disponível no Disney+.

• The Dressmaker – A Vingança Está
na Moda
Resumo: Kate Winslet estrela como uma estilista que retorna à sua cidade natal na Austrália rural, usando sua habilidade em alta costura para transformar as mulheres locais e buscar vingança contra aqueles que duvidaram dela.
Plataforma: Disponível na Netflix.

Cada uma dessas produções não apenas oferece entretenimento, mas também serve como uma fonte valiosa de inspiração e conhecimento sobre a história e as nuances da moda, ideais para quem busca enriquecer seu repertório artístico e compreensão do design de moda.

Leia essa matéria completa e muito mais clicando aqui!

Entrevista – Marcelo Nunes

Marcelo Nunes é artesão e trabalha com crochê há cerca de 15 anos. Ele faz parte da equipe da Fios EuroRoma e participa de workshops por todo Brasil, onde ensina a técnica e fala sobre temas importantes como reciclagem e sustentabilidade.

Marcelo conta que o artesanato sempre esteve presente na sua vida, pois antes de aprender crochê ele era adepto de outras técnicas manuais, como pintura em tela, decoração de festas infantis, decoupage, entre outros. “O artesanato, com suas infinitas possibilidades, é uma forma de manifestação artística que além de proporcionar uma grande satisfação pessoal é muito mais do que hobby, terapia e fonte de renda…o artesanato transforma vidas”.

O artesão destaca que o setor de artes manuais evoluiu nos últimos anos, mas ainda há muito para conquistar. “Meu sonho é que nosso segmento seja tão valorizado como outras áreas e outras profissões, que seja ensinado nas escolas que o artesanato é sim uma profissão”.

Para Marcelo as redes sociais são um importante canal para incentivar a busca por conhecimento e aprimoramento do trabalho manual, onde é possível compartilhar informações sobre precificação, apresentação, divulgação, entre outras coisas. “Acredito que através do conhecimento e da união podemos fortalecer a comunidade como um todo”.

   

 

 

Entrevista: Carol Weiss 

Moira – O Manifesto

# Moira conecta todos os agentes do meio artesanal. Através de um espaço digital buscamos unir todas as pontas e criar relações de negócio sustentáveis entre o produtor de matéria prima (indústria de insumos), criador (artesão) e cliente final.

# Moira inclui e é aberto para todos, independentemente de crença, idade, religião, gênero, orientação sexual, recorte social, econômico ou geográfico. Acreditamos que juntes somos mais fortes.

# Moira inova e aposta na tecnologia como uma ferramenta para que o meio artesanal prospere. Acreditamos que a inovação tech pode ser uma grande aliada ao nicho das manualidades, trazendo novas formas de monetizar produções e fazer negócios. Além disso, Moira também serve como Hub (digital e presencial) para projetos e novas ideias.

# Moira promove interação, conectando artesãos de todo o Brasil e fortalecendo os laços entre a comunidade artesanal.

# Moira empodera e educa os adeptos das artes manuais através do empreendedorismo e da economia criativa, gerando mais oportunidades de inclusão social.

# Moira aproxima o artesão de seu consumidor de forma rápida e fácil. O processo de venda é simplificado através da plataforma, onde é possível cadastrar peças, pegar encomendas e manter contato com amantes do artesanato.

# Moira valoriza criadores. Através da ferramenta “Bônus Moira” o usuário recebe pela venda de seus projetos autorais e também um bônus que será trocado por produtos e serviços de parceiros.

Artesanato e saúde mental

Quem é adepto dos fazeres manuais sabe quão terapêuticas podem ser essas
atividades. Mas você sabia que o artesanato pode realmente trazer diversos benefícios para nossa saúde mental? As manualidades ativam o cérebro, melhoram as habilidades motoras, além de desenvolver a criatividade, o bem- estar e até a autoestima.

Existem diversas pesquisas que comprovam esses benefícios. Entre elas, podemos citar um estudo publicado na revista Neurology que revelou que pessoas praticantes de atividades manuais na meia e terceira idade eram 73% menos propensas a desenvolver transtorno cognitivo leve. Além de reduzir o risco de demência em 45%.

A prática artesanal reduz os níveis de estresse, protege a memória e auxilia no tratamento para depressão e ansiedade. Não é exagero dizer que desenvolver um trabalho manual é uma forma de meditação. A técnica de mindfulness ou atenção plena, é baseada na ideia de focar no momento presente. Através de um trabalho manual que exige atenção e foco nessa atividade você fortalece a concentração.

E você, sente esses benefícios do fazer manual na sua vida? Conta pra gente nos comentários.

Como formalizar seu negócio artesanal

Você já pensou em formalizar o seu negócio artesanal? Uma boa opção pode ser se cadastrar como MEI. O microempreendedor individual é o trabalhador autônomo que passa a ser reconhecido, legalmente, como um pequeno empresário. O processo de formalização é simples, pode ser feito de forma online e traz diversos benefícios.

O artesão MEI pode circular livremente com a sua mercadoria, sem o risco de ser multado pela fiscalização. Além disso, ele garante acesso a benefícios previdenciários, como auxílio-doença, auxílio-maternidade e aposentadoria e a empréstimos, financiamentos em condições especiais e linhas de crédito. Também é útil para quem precisa de um CNPJ para emitir nota fiscal, por
exemplo.

Outra formalização importante é a Carteira Nacional do Artesão. Ela é gratuita e também pode ser tirada de forma online, através de algumas etapas simples. Entre os benefícios que ela oferece estão: participação em feiras e cursos, facilidade de acesso ao microcrédito e isenção no ICMS. O processo para obter a carteirinha pode mudar de acordo com o estado. Vale à pena procurar a coordenação de artesanato do seu estado e solicitar as informações necessárias para obter a sua.

Fonte: Sebrae, Portal do Empreendedor e Portal do Artesanato.

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